Mudamos!

02nov08

Seguindo o conselho de vocês, resolvi arrumar um domínio para mim: quem quiser ler nossas besteiras agora deve dirigir-se ao endereço http://napraticaateoriaeoutra.org . Tomamos essa decisão pelos seguintes motivos:

1) Gostei da experiência no wordpress.com, mas ele é muito pouco flexível. Embora o template aqui fosse, na minha opinião, lindão, não dava para mudar nada nele para adaptá-lo ao estilo do blog. Nesse ponto, o velho Blogger tinha um pouco mais de opções.

2) Principalmente depois da notinha lá no Noblat, fiquei curioso para olhar as estatísticas do site, mas o pacotinho que vem com o wordpress é muito mixuruca, e ele não deixa instalar coisas mais legais, como o Google Analytics, do qual sentia falta desde que cheguei aqui.

3) Além do analytics, há vários plug-ins interessantes para blogs, bem como vários widgets bacaninhas, que não podem ser instalados no wordpress.com.

4) Acho bacana ter um .org. Esse motivo é meio boiola, mas, fazer o que.

Mas há algumas consequências dessa decisão: a principal é que agora eu não posso mais contar com o wordpress.com para arrumar meu blog pra mim, instalar plug-ins que ele acha legal, ajeitar as configurações, essas coisas. Estou tendo que fazer tudo na mão, o que quer dizer que algumas coisas vão dar errado ainda por algum tempo. Mas resolvi colocar no ar mesmo assim, digam o que vocês acharam. Para mim é legal porque eu aprendo mais coisas sobre esses negócios.

Queria fazer um negócio para redirecionar todo mundo que chegasse aqui para o novo endereço, mas parece que é muito difícil fazer isso no wordpress.com sem ter que pagar nada (é exatamente o tipo de coisa que te faz querer seu próprio domínio). Ainda vou ver se consigo, mas, por enquanto, quem tiver RSS ou favoritos vai ter que ajeitar o endereço, desculpem o trabalho.




Perdi esse post do Felix Salmon sobre o “decoupling” entre os BRICs. Diz o cara:

“During the irrational exuberance of the BRIC boom, investors seemingly paid little attention to these differences. But looking forwards, I simply can’t imagine that the four countries are going to continue to move in lockstep any more. My gut feeling is that Brazil remains a great long-term investment, while Russia, over the long term, is going to continue to be an unpleasant place for foreign investors. But I might well be wrong about that. What I’m much more sure about is that the correlation between the two is going to come down.” (grifo nosso)

Falando sério: a economia brasileira pode piorar por causa da crise, há muitas reformas que precisam ser feitas, mas, olhando para a cara dos prováveis candidatos a presidente, tem algum que te dá medo de subverter a ordem econômica? Nã. Agora compare esses cenários com a perspectiva de ser governado pelo Putin, ou pelo Partido Comunista Chinês (em quem eu confio bem mais que no Putin).

Nós ainda não valorizamos o suficiente o sucesso da democracia brasileira nos últimos vinte anos. Mas é possível que numa hora dessas o mercado comece a precificá-lo.


Wholeheartedly

31out08

   

O “Wholeheartedly” (de todo coração) na declaração de apoio é significativo se comparado com a maneira pela qual a revista apoiou o Kerry na última eleição: era algo como “It’s with a heavy heart…” (é com o coração pesado…), o apoio mais deprimente que alguém já recebeu.

Vale dizer, a The Econonomist queria seguir seus instintos e votar no McCain. Alguns números atrás, fez uma capa que implorava “Bring Back the Real McCain”. Mas a incompreensível sarapalinização de McCain tornou o apoio impossível. Na declaração de apoio ao Obama, a revista entrega os pontos e lamenta: “If only the real John McCain had been running…”

No supertrunfo dos Obamacons, o apoio da The Economist vence qualquer outra carta.

A propósito, leiam a edição inteira, vale a pena.

UPDATE: O André, que está ocupado demais resolvendo a crise financeira internacional para blogar, nos envia a notícia de que a Economist publicou um histórico bacana de suas declarações de apoio anteriores. (hat tip> Sérgio Dávila).


Novo Survey

30out08

Juros

29out08

A próxima decisão do Banco Central sobre os juros vai ser pedreira.

Por um lado, a desvalorização do Real vai pressionar a inflação: tudo que for importado vai subir de preço. Seria caso de aumentar os juros. O Alexandre Schwartsman, por exemplo, está dizendo que é necessário aumentar.

Por outro lado, vem aí uma recessão mundial bacana, que vai reduzir a demanda. Dependendo de em quanto se estime esse efeito, seria o caso de reduzir os juros, ou ao menos deixá-los onde estão.

Por exemplo: se a atual demanda aquecida for só uma rebarba da prosperidade dos últimos anos, se já estiver em gestação uma desaceleração da demanda por conta da crise, e se nesse cenário elevarmos os juros, a porrada na demanda pode ser maior do que a desejável.

Se algum cara no BACEN souber modelar isso tudo, por mim pode bater na casa do Krugman e pedir o Nobel pra ele. Eu sugiro que chamem o cara que tirou raio-X com fita isolante para tentar resolver isso.


A Sarah Palin brasileira também é chegada a contar uma cascata. Eu vivia na saudável ignorância desse fato, mas agora descobri, através d’O Hermenauta, que Reinaldo Azevedo havia lançado um movimento de adoradores que usam chapéu igual ao seu. É foda.

Mas o melhor é que o chapéu é, na verdade, um brinde da editora para quem compra o livro. Enfim, cada garoto Juca tem o Bozo que merece.


O site do Gabeira, que foi um dos pontos focais da campanha, e tem tradição de permanecer interessante fora dos períodos eleitorais, tinha saído do ar na Sexta por exigência da lei eleitoral. Voltou, e recomendado fica.


Uma semana antes da eleição, escrevemos sobre nosso dia de campanha na Central do Brasil:

“Uma impressão altamente subjetiva: as moças com aparência de evangélica praticante (cabelo muito longo, vestido idem) não aceitavam o adesivo nunca. É possível que o apoio do Crivella esteja influenciando isso.”

Vejam agora os dados no Ex-Blog do CM de ontem (como é que eu coloco link para isso?):

“Os fatores básicos que explicam o resultado foram os votos de Crivella e o voto feminino, fatores que se cruzam.

2. Todos os cruzamentos em todas as pesquisas no segundo turno mostravam uma vantagem significativa de Paes entre os evangélicos (empate ou derrota por pouca diferença entre os católicos e derrota acentuada entre os demais). E uma vitória entre as mulheres com margem fora do empate técnico.

3. Os estudos realizados em base a pesquisas no Rio mostram que o perfil básico do eleitor/a evangélico neo-pentecostal é de uma mulher de renda mais baixa. Lembre-se que em mais de 50% das famílias com renda menor que 2 SM o chefe da família é uma mulher.

4. Crivella teve sempre no primeiro turno 40% dos votos dos evangélicos, que são no Rio 20% dos eleitores. Ou seja, 8%. E entre estes, a grande maioria é de mulheres. Os membros da IURD representam 5% do eleitorado do Rio, cuja condução de voto é direta nas eleições majoritárias (embora haja desvios nas eleições proporcionais em função de fatores pessoais ou locais).

5. Com isso, certamente Crivella conduziu o voto de quase 65% de seus eleitores neo-pentecostais. Nesses, a abstenção é muito menor, na medida em que cumprem a sua missão ao votar. Sendo assim Crivella conduziu o voto de pelo menos 150 mil eleitores, podendo ter chegado a 200 mil eleitores.

6. O voto evangélico, em geral, foi o fator permanente que explicou o patamar de intenção de voto de Paes no segundo turno. Sem isso seu patamar cairia pelo menos 5 pontos.

7. Mas uma vez definida essa preferência do eleitor evangélico, o fator decisivo foi, com garantia absoluta, a condução de voto para Paes do bispo-senador Crivella. A ele Paes deve a eleição.”

Uma boa parte do voto evangélico já estava perdida desde o começo, por causa das posições históricas do Gabeira sobre casamento gay e liberação das drogas. Agora, dói um pouco um candidato da esquerda moderna não conseguir o voto  de mulheres pobres. A esquerda precisa ter o que oferecer a elas.

E tem, porra! Uma das grandes bandeiras da social-democracia européia recente é o universal childcare, o direito universal à creche, que não deve ser só um depósito de cidadãos de fralda, mas uma parte do sistema educacional tão priorizada quanto as universidades públicas. Pesquisas mostram que boa parte do gap educacional inter-classes (que se reflete diretamente na desigualdade de renda) se forma na pré-escola. Se não fizermos uma boa pré-escola para os pobres, as boas universidades públicas permanecerão fechadas para eles.

Gabeira defendeu a expansão da rede de creches, mas pode ter faltado ênfase, e a impressão de que isso era importante pra cacete.

PS: outros bons artigos sobre o Gabeira no Renato (nosso candidato em Belém) e no Noblat.